domingo, 10 de novembro de 2013

A casa sem janelas

“O homem nas capitais pertence à sua casa, ou se o impelem fortes tendências de sociabilidade, ao seu bairro. Tudo o isola e o separa da restante natureza—os prédios obstrutores de seis andares, a fumaça das chaminés, o rolar moroso e grosso dos ónibus, a trama encarceradora da vida urbana...”

Trecho de: Jose Maria Eca de Queiros. “Contos.” iBooks. 
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Ah... Mais de cem anos se passaram, desde que Eça de Queirós escreveu este conto e hoje em São Paulo os homens estão cada vez mais isolados. Socializando preferencialmente sem contato físico, só virtual. A janela para o mundo vem de uma tela de LCD e a boa e velha janela de madeira, de onde se vê a rua, foi coberta com uma camada grossa de cimento, deixando toda a realidade do lado de fora.

Avistar essa casa sem janela me lembrou de uma conversa e de sentimentos confusos...

...E ele disse: - é difícil, sentir-se vulnerável... E naquele momento eu me senti sozinha no mundo, mais solitário que o ultimo dos Buendía desvendando sua própria morte.

Como uma palavra pode definir tão bem o que eu estou sentindo? Por algum tempo ficamos ali, nos olhando, despidos de qualquer pudor. Depois desejamos que existisse um "ácido bucólico" e nos transportasse para longe. Num lugar de relógios quebrados e campos de lavanda, onde os cachos poderiam crescer livres do secador e da chapinha.

Um comentário:

  1. Cada vez que leio algo teu, me regozijo!!! Gostava de te ver mais a escrever aqui... tu que me inspiras... Escreve mais, pois...

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